MULHERES COM DEFICIÊNCIA POSSUEM DEZ VEZES MAIS CHANCES DE SOFRER VIOLÊNCIA SEXUAL, ALÉM DE ESTERILIZAÇÃO E ABORTO FORÇADOS




 De acordo com dados de 2016 do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), pessoas com deficiência (PCD), independente do gênero, possuem três vezes mais chances de sofrer violência física, emocional ou sexual.


“Fazendo a intersecção gênero e deficiência, mulheres com deficiência possuem dez vezes mais chances de sofrer violência sexual, além de esterilização e aborto forçados”, diz Costa citando dados do UNFPA.

Vulnerabilidade financeira e dependência física de cuidadores colaboram com esse quadro. Além disso, estima-se que agressores vejam a mulher com deficiência com menos força física para reagir ou condições de relatar o crime – como no caso das surdas.

A infantilização também é comum. “Como ser anulada pelos cuidadores, que passam a fazer escolhas por ela, como decidir o que vestir ou comer”, denuncia Mota.

“Pedi uma bebida em um bar, com amigos, e o garçom questionou se ‘eu tinha certeza’ sobre aquilo”, relata Bebiano.

A tradutora, que namora há três anos um homem sem deficiência, também observa os olhares quando os dois estão juntos em público. “Como se ele não devesse me tratar como namorada, que é o que sou, mas como irmã”, revela.

Ela também já ouviu coisas como “que sorte que você tem dele namorar você. “Colocam meu namorado em um pedestal. Claro que ele tem inúmeras qualidades e merece ser elogiado, mas não, necessariamente, por namorar comigo”, diferencia.

Para completar, há situações em que as pressões sociais do que se espera do sexo feminino se choca com os estereótipos da PCD.


“Por ser mulher, ‘tenho’ que ser mãe. Mas como tenho deficiência, sou vista como incapaz para a maternidade. Ou seja, serei julgada de todo jeito”, exemplifica Bebiano.


Luta pela voz

Entender-se como mulher com deficiência é um processo longo, como conta Mota, que possui uma doença degenerativa neuromotora. “Quando você começa a perceber o quanto nossa sociedade não oferece acessibilidade, cai a ficha.”


A invisibilidade, contudo, é comum nos movimentos sociais. “Historicamente, as questões de gênero foram negligenciadas pelos movimentos de pessoas com deficiência, e as questões da deficiência foram negligenciadas nos movimentos das mulheres por equidade de gênero”, contextualiza Costa.


“Movimentos negros, LGBTI+, de mulheres, não pensam nas PCDS”, pontua Bebiano.


A psicóloga Costa tem atrofia muscular espinhal e descobriu o pensamento feminista no ensino médio.

“Compreendidas as opressões, é fundamental traçar estratégias para combatê-las, e isso não se faz na solidão. Consciente disso, preenchi o formulário para participar do Coletivo Feminista Helen Keller de Mulheres com Deficiência”, conta.


A iniciativa ajudou mulheres como a jornalista e escritora Mariana Rosa, que possui baixa visão. “Entendi que precisava dialogar com meus pares como parte do meu processo de busca por saúde e por atuação responsável no mundo em que vivemos”, justifica.

Para transformar a situação no futuro, Costa sugere que as empresas parem de alegar falta de qualificação das pessoas com deficiência para o trabalho, pois não é verdade, garantam postos de trabalho, remuneração justa e plano de carreira para essa população.


Já para as pessoas sem deficiência, Bebiano indica três passos. “Exercitar a escuta, a empatia e também ter iniciativa para mudar a situação. Sem ações concretas, as duas primeiras não adiantam”, alerta.

fonte: INSTITUTO CLARO

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