A recente aprovação da PEC da Blindagem , apelidada por muitos como “PEC da Impunidade,” escancarou uma verdade incômoda: quando o assunto é proteger privilégios, direita e esquerda conseguem se entender muito bem.
Em um país marcado por polarizações intensas, é curioso e preocupante ver parlamentares de espectros ideológicos opostos votando juntos para dificultar investigações e punições contra si mesmos. A proposta, aprovada com folga na Câmara dos Deputados, exige autorização prévia do Congresso para que o STF possa processar parlamentares, além de ampliar o foro privilegiado para presidentes de partidos.
Reflexão: Ideologia ou Autopreservação?
A esquerda, historicamente associada à luta por justiça social e transparência, viu parte de seus representantes votarem a favor da PEC. A direita, que costuma se apresentar como defensora da ordem e da moralidade, também aderiu em massa. O que explica essa convergência?
A resposta parece simples: autopreservação institucional. Quando o risco é perder privilégios ou enfrentar a Justiça como qualquer cidadão, as diferenças ideológicas se dissolvem. O que sobra é o instinto de sobrevivência política.
E na Paraíba?
Dos 12 deputados federais paraibanos, 10 votaram a favor da PEC, incluindo nomes da direita como Cabo Gilberto (PL) e Wellington Roberto (PL), e da esquerda como Gervásio Maia (PSB). Apenas Luiz Couto (PT) e Ruy Carneiro (Podemos) se posicionaram contra.
Esse comportamento revela que, mesmo em estados com forte tradição política, o compromisso com a ética pública pode ser facilmente atropelado por interesses corporativos.
O que está em jogo?
A PEC da Blindagem não é apenas uma mudança técnica no processo judicial. Ela representa um retrocesso democrático, pois enfraquece o combate à corrupção e cria obstáculos para a responsabilização de parlamentares. Em um país onde a impunidade já é regra, institucionalizá-la é um golpe contra a cidadania.
Precisamos de mais do que indignação
A união entre direita e esquerda para aprovar essa medida mostra que o verdadeiro antagonismo não é entre ideologias, mas entre cidadãos e castas políticas. É hora de cobrar coerência, exigir transparência e lembrar que o mandato é um contrato com o povo não um escudo contra a Justiça.
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