Em um país que insiste em repetir que “educação é a base de tudo”, o tratamento dado aos professores continua sendo, no mínimo, contraditório. O reajuste de 6,27% no piso salarial nacional dos docentes em 2025 pode parecer um avanço à primeira vista — afinal, supera a inflação oficial. Mas quando olhamos mais de perto, percebemos que esse número é pequeno demais para enfrentar os gigantes que os educadores enfrentam diariamente.
O discurso não acompanha a prática
O Brasil gosta de exaltar seus mestres em campanhas publicitárias e discursos políticos, mas na hora de garantir condições dignas de trabalho, o entusiasmo desaparece. O reajuste do piso salarial deveria ser um instrumento de valorização, mas tem se tornado apenas uma correção tímida, incapaz de acompanhar o custo de vida, a sobrecarga de trabalho e a complexidade da profissão.
O peso da realidade
- Muitos professores precisam trabalhar em mais de uma escola para complementar a renda.
- Estados e municípios alegam falta de recursos para cumprir o piso, criando desigualdades regionais gritantes.
- A ausência de planos de carreira estruturados faz com que o piso se torne teto — e não ponto de partida.
O resultado? Uma categoria desmotivada, adoecida e, muitas vezes, invisibilizada. E isso afeta diretamente a qualidade da educação oferecida aos nossos jovens.
O que está em jogo
Não se trata apenas de números. Trata-se de reconhecer que o professor é o pilar de qualquer transformação social. Um reajuste digno não é um favor — é uma obrigação. É preciso rever a fórmula de cálculo, fortalecer o Fundeb e, acima de tudo, assumir que investir no professor é investir no futuro do país.
Enquanto o reajuste continuar sendo apenas um número que mal cobre a inflação, estaremos perpetuando um ciclo de descaso. E nesse ciclo, quem perde não é só o professor — é toda a sociedade.
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