Em tempos em que se tenta deslegitimar o serviço público e atacar a estabilidade dos servidores concursados, é preciso levantar a voz contra esse retrocesso. Falo com propriedade, pois minha história é prova viva de que o concurso público é um dos poucos instrumentos de justiça social e igualdade de oportunidades que ainda resistem no Brasil.
Nasci e cresci em Alagoinha, na Paraíba, onde, durante minha juventude, vi portas se fecharem simplesmente por não estar alinhado aos interesses dos políticos locais. A meritocracia era uma miragem: quem não tinha padrinho político, não tinha emprego. Foi o concurso público que rompeu essa lógica perversa. Foi através dele que conquistei meus primeiros vínculos empregatícios, não por favores, não por apadrinhamento, mas por mérito.
Fui aprovado em três concursos públicos: Alagoinha, Guarabira e Pilões. Cada aprovação foi uma conquista pessoal, uma vitória contra o sistema clientelista que ainda impera em muitos municípios. E mais: pude abrir mão de um vínculo em Alagoinha, não por falta de gratidão, mas porque conquistei novas oportunidades em cidades onde o mérito também foi reconhecido. Hoje, sou servidor estável e politicamente independente e isso incomoda muita gente.
A estabilidade do servidor público não é privilégio: é proteção contra perseguições políticas, contra demissões arbitrárias, contra o uso da máquina pública como moeda de troca. Quem é contra os concursos e a estabilidade, muitas vezes, quer manter o controle sobre quem trabalha, quer decidir quem merece ou não um salário digno, quer perpetuar o ciclo de dependência e submissão.
O concurso público é a trincheira da democracia. É ele que garante que o filho do agricultor, o jovem da periferia, o cidadão sem conexões políticas possa disputar de igual para igual com qualquer outro. É ele que permite que pessoas como eu, que não nasceram em berço político, possam construir uma carreira, servir à população com dignidade e viver com autonomia.
Por isso, não me calo diante dos ataques. Defender o concurso público é defender o Brasil que dá certo. É defender a ética, a transparência e a justiça. E enquanto houver quem tente destruir esse pilar, haverá também quem, como eu, levante a voz para defendê-lo.

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