A política paraibana parece aprisionada em um ciclo de repetição que mina a confiança do eleitor. Famílias como Ribeiro, Morais, Cunha Lima e Vital do Rêgo consolidaram-se como oligarquias, perpetuando um modelo de poder que se transmite de geração em geração, como se os cargos públicos fossem patrimônio privado. Esse fenômeno não é exclusivo da Paraíba, mas aqui assume contornos ainda mais evidentes, criando a sensação de que o voto não é instrumento de mudança, mas apenas de manutenção.
A presença de figuras como Cícero Lucena, envolto em acusações criminais, reforça a percepção de que a política local carece de renovação ética. Quando candidatos com histórico de processos continuam a ocupar espaço central no debate eleitoral, o eleitor é colocado diante de uma escolha limitada: ou legitima o sistema, ou se abstém dele. Essa realidade alimenta o desencanto e a descrença na democracia representativa.
O problema não está apenas nos nomes, mas na lógica que sustenta essas estruturas. Redutos eleitorais funcionam como feudos, onde votos são tratados como propriedade herdada e negociada. Essa prática enfraquece a ideia de cidadania e reduz o eleitor a mero figurante em um teatro político que privilegia interesses particulares.
Romper com esse ciclo exige mais do que indignação: requer consciência crítica e mobilização social. O voto, quando livre de cabresto e de apadrinhamentos, pode ser instrumento de transformação. Mas enquanto persistir a hegemonia das oligarquias, a democracia continuará a ser refém de elites que confundem poder público com herança familiar.

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