O Plano Nacional de Educação (PNE) é vendido como a bússola da política educacional brasileira. Em suas páginas, a palavra “valorização” aparece como mantra: salários dignos, carreiras sólidas, formação continuada, reconhecimento social. No discurso, o professor é protagonista.
Na prática, porém, o professor continua figurante. O PNE 2014–2024 prometeu equiparação salarial com outros profissionais de escolaridade equivalente. Não cumpriu. Prometeu planos de carreira estruturados. Não entregou. Prometeu formação continuada de qualidade. Ofereceu de forma desigual, concentrada em regiões mais ricas.
O novo PNE (2024–2034) chega com a mesma retórica: estabilidade salarial, monitoramento rigoroso, melhores condições de trabalho. Mas os números recentes do piso nacional docente desmascaram o discurso. Em 2023, não houve reajuste. Em 2024, apenas 3,6%. Em 2025, 6,27%. E para 2026, a previsão é de míseros 0,85%. Isso não é valorização, é humilhação institucionalizada.
Enquanto o PNE fala em reconhecimento, o professor enfrenta sobrecarga de trabalho, infraestrutura precária e salários que mal cobrem a inflação. O contraste é gritante: no papel, valorização; na vida real, desvalorização. O PNE virou um ritual burocrático, um documento bonito guardado em gavetas ministeriais, incapaz de transformar a realidade de quem ensina.
Valorização docente não se faz com decretos ou relatórios. Faz-se com investimento contínuo, salários dignos, carreiras respeitadas e condições reais de trabalho. Sem isso, o PNE continuará sendo apenas mais uma promessa vazia, uma maquiagem em um sistema que insiste em ignorar seus educadores.
Chega de planos que não mudam nada. Chega de discursos que não se cumprem. Se o Brasil realmente quer educação de qualidade, precisa começar pelo óbvio: valorizar de verdade quem ensina. Até lá, o PNE continuará sendo um documento que fala em valorização, mas que na prática perpetua a desvalorização.
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