Inclusão com ressalvas? Então não é inclusão.
A escola que promove diversidade precisa começar por quem educa.
A inclusão de alunos com deficiência é pauta constante — e isso é ótimo. Mas e quando um professor, já atuando na rede pública, adquire uma deficiência? O silêncio é gritante. O afastamento é comum. E a aposentadoria compulsória parece inevitável.
Isso não é cuidado. É capacitismo institucional disfarçado de proteção.
Professor com deficiência: potência ignorada
Uma lesão, uma condição degenerativa ou um acidente não apagam anos de conhecimento e dedicação. O que muda é a estrutura que precisa se adaptar — e ela, quase sempre, falha.
- A gestão duvida da capacidade de ensinar.
- A infraestrutura se mostra excludente.
- Os colegas não sabem como acolher.
Quem decide que esse professor “não dá mais conta”?
Quem ignora suas habilidades e experiência porque ele passou a usar uma bengala, cadeira de rodas ou outro recurso?
O capacitismo é mais sutil do que parece
Não está só nos discursos explícitos. Ele mora na falta de rampas, na ausência de tecnologia assistiva, na burocracia que impede a readaptação funcional. Está nos olhares de pena e nas decisões que afastam, em vez de incluir.
Políticas públicas: a escola precisa se transformar
Chega de esperar por milagres ou favores. Professores com deficiência adquirida precisam de garantias, e isso passa por políticas estruturantes:
- Revisão dos estatutos do magistério, com cláusulas específicas de proteção funcional.
- Reabilitação ocupacional intersetorial, com suporte psicológico e técnico.
E tudo isso já é previsto em leis como:
- Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)
- Constituição Federal (Art. 5º, 7º, 37)
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei nº 9.394/1996)
- Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto nº 6.949/2009)
Educação inclusiva que não inclui o professor é contradição
Se o educador é afastado por conta da deficiência, o que estamos ensinando? Se a escola ignora quem forma gerações, que tipo de inclusão estamos praticando?
O professor com deficiência não é fragilidade — é potência pedagógica.
Sua experiência, resiliência e empatia são lições vivas para toda a comunidade escolar.
“Educar é resistir. Incluir é agir. Silenciar é excluir.”
Está na hora de devolver ao professor com deficiência o lugar que sempre foi seu:
no centro do processo educativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário