domingo, 3 de agosto de 2025

Inclusão com ressalvas? Então não é inclusão


 

Inclusão com ressalvas? Então não é inclusão.

A escola que promove diversidade precisa começar por quem educa.

A inclusão de alunos com deficiência é pauta constante — e isso é ótimo. Mas e quando um professor, já atuando na rede pública, adquire uma deficiência? O silêncio é gritante. O afastamento é comum. E a aposentadoria compulsória parece inevitável.

Isso não é cuidado. É capacitismo institucional disfarçado de proteção.



 Professor com deficiência: potência ignorada

Uma lesão, uma condição degenerativa ou um acidente não apagam anos de conhecimento e dedicação. O que muda é a estrutura que precisa se adaptar — e ela, quase sempre, falha.

- A gestão duvida da capacidade de ensinar.  
- A infraestrutura se mostra excludente.  
- Os colegas não sabem como acolher.

Quem decide que esse professor “não dá mais conta”?  
Quem ignora suas habilidades e experiência porque ele passou a usar uma bengala, cadeira de rodas ou outro recurso?



 O capacitismo é mais sutil do que parece

Não está só nos discursos explícitos. Ele mora na falta de rampas, na ausência de tecnologia assistiva, na burocracia que impede a readaptação funcional. Está nos olhares de pena e nas decisões que afastam, em vez de incluir.



 Políticas públicas: a escola precisa se transformar

Chega de esperar por milagres ou favores. Professores com deficiência adquirida precisam de garantias, e isso passa por políticas estruturantes:

- Revisão dos estatutos do magistério, com cláusulas específicas de proteção funcional.  
- Reabilitação ocupacional intersetorial, com suporte psicológico e técnico.  

 E tudo isso já é previsto em leis como:

- Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)  
- Constituição Federal (Art. 5º, 7º, 37)  
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei nº 9.394/1996)  
- Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto nº 6.949/2009)



 Educação inclusiva que não inclui o professor é contradição

Se o educador é afastado por conta da deficiência, o que estamos ensinando? Se a escola ignora quem forma gerações, que tipo de inclusão estamos praticando?

O professor com deficiência não é fragilidade — é potência pedagógica.  
Sua experiência, resiliência e empatia são lições vivas para toda a comunidade escolar.



 “Educar é resistir. Incluir é agir. Silenciar é excluir.”

Está na hora de devolver ao professor com deficiência o lugar que sempre foi seu:  
 no centro do processo educativo.

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