O Fundeb garante hoje um repasse 40% maior por matrícula de cada estudante com deficiência. No papel, isso deveria significar mais investimento em inclusão. Na prática, muitos gestores continuam falhando em transformar esse dinheiro em acessibilidade real.
O recurso chega, mas não se traduz em rampas, banheiros adaptados, materiais pedagógicos acessíveis ou formação de professores. O estudante com deficiência segue enfrentando barreiras físicas e pedagógicas, enquanto relatórios oficiais celebram números que não mudam a realidade.
Essa contradição é grave. Inclusão não acontece apenas com cifras. Ela exige consciência, compromisso e ação concreta. Quando gestores deixam de aplicar os recursos na prática, estão negando direitos e perpetuando desigualdades.
Educação inclusiva não é favor, é direito constitucional. Ignorar essa responsabilidade é transformar o repasse em estatística vazia, em vez de dignidade. É fingir avanço, quando na verdade há retrocesso.
Mais recursos sem acessibilidade é como construir um prédio sem portas: o dinheiro existe, mas não abre caminho para ninguém. É hora de cobrar responsabilidade, denunciar omissões e exigir que os 40% a mais não fiquem apenas no papel.
Inclusão se mede em dignidade, não em cifras. E enquanto gestores não entenderem isso, a educação inclusiva continuará sendo promessa não cumprida.

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