sexta-feira, 14 de novembro de 2025

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NÃO É BÔNUS SALARIAL, É OBRIGAÇÃO ÉTICA

 





A escola é, por definição, um espaço de diversidade. Cada aluno carrega consigo histórias, habilidades e desafios únicos. No entanto, ainda encontramos professores que insistem em tratar a inclusão de estudantes com deficiência como um “peso” ou um “trabalho extra”, justificando sua postura capacitista com dois argumentos recorrentes: a suposta falta de formação universitária e a exigência de acréscimo salarial para lidar com esses alunos.  


Essa lógica é profundamente equivocada. A ausência de disciplinas específicas na formação inicial não pode servir de desculpa para reproduzir preconceitos. A docência é uma profissão que exige atualização constante, e a formação continuada é parte inseparável da responsabilidade de ensinar. O professor que se recusa a aprender sobre inclusão não apenas falha em sua prática pedagógica, mas também perpetua uma visão excludente que nega direitos fundamentais.  


Ainda mais grave é a ideia de que trabalhar com alunos com deficiência deveria ser remunerado como “extra”. Esse discurso mercantiliza o direito à educação e transforma o estudante em um ônus financeiro. A inclusão não é favor, não é bônus, e muito menos concessão: é obrigação legal, ética e humana. Ao reivindicar pagamento adicional para cumprir aquilo que já está previsto em sua função, o professor reforça o capacitismo institucional e fragiliza a luta por uma escola democrática.  


O capacitismo não nasce da falta de conhecimento técnico, mas da recusa em reconhecer a diversidade como valor. Combater essa prática exige coragem para enfrentar preconceitos, investir em formação continuada e compreender que a diferença não é problema, mas riqueza. A escola só será verdadeiramente inclusiva quando os educadores assumirem que cada aluno, com ou sem deficiência, tem direito a aprender em condições dignas e respeitosas.  


Portanto, é preciso denunciar e problematizar essas posturas. Professores que se escondem atrás da falta de formação ou da busca por acréscimos salariais para justificar o capacitismo revelam uma contradição com a essência da educação. O caminho não é a desculpa, mas o enfrentamento: assumir a responsabilidade social da profissão e compreender que a diversidade é condição fundamental para uma educação justa e transformadora.  



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